terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um pouco de literatura inglesa



Publicado no jornal O Estadão do Norte em 07/05/2009.
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Machado de Assis, Aluisio de Azevedo e outros grandes escritores brasileiros que me perdoem, mas hoje a minha agenda de repórter é sobre alguns dos mais fascinantes, na minha opinião, romances da literatura inglesa. Muitos influenciam novos (e não tão novos assim) autores, mas nem sempre nós leitores estamos atentos para identificar essas semelhanças.
Como fã e pela qualidade de suas obras, a primeira escritora que recomendo é Jane Austen. Considerada a maior romancista inglesa, só perde o primeiro lugar na literatura do país para Shakespeare. Entre seus livros mais famosos estão “Razão e Sensibilidade”, “Emma” e “Persuasão”, mas sua obra mais conhecida é “Orgulho e Preconceito”. Através da narrativa o leitor conhece o cotidiano e costumes dos ingleses no século XVIII. É curioso ler e comparar como a sociedade evoluiu.
“Orgulho e Preconceito” teve diversas adaptações, tanto para o cinema como para a televisão. A minissérie exibida pela BBC de Londres é considerada pelos fãs a mais fiel. Uma curiosidade: o advogado Mark Darcy, do livro “O Diário de Bridget Jones”, é baseado (basta ver os nomes) no Mr. Darcy de Jane Austen. O ator Colin Firth, inclusive, interpretou tanto o Darcy do ‘Diário’ como o da minissérie.
A minha segunda (e, por enquanto, última) indicação é da escritora Emily Brönte. Apesar de ter escrito apenas uma obra em forma de prosa – existe uma coletânea de poemas – ela se tornou também uma referência na literatura inglesa. “O morro dos ventos uivantes” é uma obra ímpar, diferente de todos os outros que li. Impossível não se surpreender com o ótimo desenvolvimento dos personagens e a trama repleta de sentimentos naturais do ser humano, como amor, ódio, vingança...
Bom, melhor não contar mais para não estragar a surpresa. Este é um daqueles livros que vale a pena, apesar dos primeiros capítulos parecerem confusos e monótonos. Assim como Emily, suas duas irmãs, Charlotte e Anne Brönte, também são romancistas, mas isso é assunto para outra coluna...

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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Coluna (5)


Ignorem o texto sofrível do último post, feito depois de sei lá quantas horas de aula para uma atividade da pós-graduação...
Hoje a última parte da série de colunas sobre ficção. Publicada no jornal Estadão do Norte no dia 04/06/09.

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Dos mitos ao gênero ficcional (3)

Karllini Porphírio (karllini@gmail.com)

Nas últimas semanas vocês leitores acompanharam, de forma resumida (e clara, espero), a transformação dos mitos até a ficção em si, um dos gêneros mais populares. Hoje, para encerrar esse ciclo de mudanças, optei por fazer uma coluna sobre o tema que abordei no meu trabalho de conclusão de curso, as histórias recriadas por fãs – conhecidas como fanfictions, ficção de fã, em inglês.
Antes de continuar, usarei um exemplo bem simples para que vocês entendam o que significa esse nome estranho. Eu, por exemplo, quando li Dom Casmurro achei que Capitu realmente traiu Bentinho, mas, claro, Machado de Assis deixou que cada um interpretasse de sua maneira. Então, insatisfeita com a história, escrevo minha própria versão – uma ficção de fã. Tenho certeza de que todos já imaginaram um final, ou desenvolvimento, diferente para algum filme, livro, seriado... Muitos fãs publicam as fanfics em sites ou até mesmo em revistas. Um dos maiores acervos na internet dessas histórias é o www.fanfiction.net, em inglês, mas basta escolher o gênero e obra desejada para encontrar textos em outras línguas, inclusive o português.
Apesar do nome, essa apropriação de histórias ou personagens criados por outro autor não é exclusividade dos fãs. Em muitos livros e até filmes encontramos referências de outras obras. “As mil e uma noites” foi um marco na literatura por criar um enredo em que uma pessoa conta histórias a outra para superar uma situação difícil, interrompendo no clímax para prender a atenção. Outros livros, como o “Decamerão”, utilizam a mesma base. Então, como não considerar essas obras também uma ficção de fã?
Os fãs criam uma verdadeira cultura própria. Além das fanfictions existem as revistas com informações e curiosidades sobre o “universo” admirado, desenhos, além dos famosos cosplays, pessoas que se vestem como os personagens. Vale lembrar que essas práticas não se restringem aos fãs apenas de obras literárias, mas também de séries, filmes, animes, mangás (quadrinhos japoneses)... Bom, espero que tenham gostado dessa série de artigos. Até a próxima quinta!


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Falando em coluna, hoje recebi um e-mail de alguém comentando que a frase "Elementar, meu caro Watson", nunca foi escrita por Sir Conan Doyle (Sherlock Holmes). Pesquisei na internet e vi que é verdade... Erro horrível, mas farei uma notinha no próximo texto.
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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Coluna (4)

Segunda parte da "série" sobre a origem da ficção e todas as transformações que o gênero sofreu até chegar as fanfictions :)
Publicação da coluna - O Estadão do Norte - 28/05/09.

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Dos mitos ao gênero ficcional (2)

Karllini Porphírio (karllini@gmail.com)

Para quem não acompanhou a coluna da última semana, um resumo: apesar de muitos entenderem que a palavra mito é sinônimo de mentira ou algo que não é verdadeiro, essas histórias representavam uma forma dos povos antigos, sem meios tecnológicos ou científicos, de explicarem determinados fatos.
Para reforçar os últimos comentários, muitos de nós (senão todos) usamos algo criado nessa época. Aliás, esse é um dos mais interessantes assuntos para ler e discutir; acredite, você encontrará relação e curiosidades sobre diversas áreas de conhecimento, desde a astronomia até a política. Exemplos não faltam, principalmente se usarmos como base a mitologia grega. Narciso, Eco, Vênus, Megera... As Parcas também são bem conhecidas. Clotos, Láquesis e Átropos, filhas de Zeus e habitantes do Inferno, eram as responsáveis, respectivamente, por tecer o fio da vida, marcar o destino e corta-lo na hora certa. Guarde essas informações, usarei elas daqui a pouco.
O tema de hoje é a transformação dos mitos num dos gêneros mais populares hoje, a ficção. Com o tempo, o homem deixou de ser nômade e, instalado em locais fixos, desenvolveu a agricultura. Essa mudança de vida teve conseqüências diretas nos costumes e cultura dos povos antigos. Uma delas foi a busca de explicações objetivas e reais. Logo, com o uso cada vez maior da lógica e das novas tecnologias, os mitos perderam seu caráter sagrado, transformando-se em lendas. As lendas, por sua vez, serviram como base para a criação do gênero ficcional. Esse processo, vale lembrar, não aconteceu da noite para o dia; milhões de anos foram necessários para toda essa mudança de conceitos.
Até hoje, entretanto, percebemos vestígios dos mitos dentro de obras ficcionais – isso sem contar os livros e filmes que abordam diretamente o assunto. O autor Stephen King, no livro Insônia, faz uma referência direta as Parcas, através dos chamados “doutores carecas”. Vale a leitura e comparação com o mito original. Na próxima quinta-feira, uma nova forma de ficção. Aguardem!

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Coluna (3)


E depois de mais algumas semanas...
Na última quinta, dia da publicação da minha "coluninha" semanal, resolvi aproveitar o espaço e falar um pouco do meu TCC, fazendo uma propaganda nada óbvia... Como a agenda de 2000 caracteres é um espaço pequeno e eu não quis cortar mais que o extritamente necessário, dividi em 3 partes. A primeira, sobre mitos, foi publicada no dia 21/05. As próximas serão sobre ficção e fanfictions.


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Dos mitos ao gênero ficcional (1)

Karllini Porphírio (karllini@gmail.com)

Nas últimas colunas escrevi muito sobre literatura então, nada melhor do que variar um pouco de assunto. Resolvi fazer uma série de dois ou três artigos contando a história do gênero ficção que, não por acaso, abordei no meu trabalho de conclusão de curso - o famoso e temível TCC. A história começa há muitos anos e anos... Preparados para esta viagem no tempo?
Quando alguém diz a você “isso é mito”, o que você pensa? A maioria responderá: mentira, algo que não é verdadeiro. Infelizmente, poucos têm consciência do significado real e da importância dos mitos para a nossa evolução.
O ser humano sempre teve a necessidade de buscar explicações sobre o que acontece ao seu redor. Os povos antigos não fogem a essa regra e, como não possuíam meios científicos ou tecnológicos adequados, criavam histórias, chamadas de mitos. Assim como as religiões de hoje, os mitos não precisavam de comprovação, as pessoas apenas acreditavam, tinham fé. É como naquele ditado, determinados assuntos não se discutem. Prefiro não me prolongar nesse item, porque esses são assuntos delicados e muito subjetivos. Acredito que a idéia central esteja clara.
O fato é que diversos povos organizaram um conjunto de mitos. Entre eles, destacam-se os nórdicos, chineses e outros tanto que não lembrarei agora. Entretanto, a mitologia grega foi a mais significativa, tanta na sua complexidade quanto na sua influência. Os romanos, por exemplo, utilizaram muitos dos deuses, histórias e personagens, apenas modificando os nomes.
Antes que você diga que é tudo bobagem, vou citar apenas algumas coisas que todos nós usamos, mas desconhecemos a origem. Já ouviu falar em Eco? Ela foi uma ninfa, condenada por Hera, esposa de Zeus, a repetir as últimas apenas as últimas palavras ouvidas. Por causa desse problema era sempre repelida por Narciso (esse sim, tenho certeza de que você sabe quem é), por quem era apaixonada. O final é um tanto trágico: triste, Eco se isola e acaba morrendo.
Mas o que essa história toda tem a ver com a ficção? O próximo artigo sai daqui a uma semana, na quinta-feira. Quem desejar trocar opiniões e críticas fique à vontade, o e-mail está ali em cima.

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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Coluna (2)


Artigo publicado no dia 23/04 no jornal "Estadão do Norte". De longe gostei mais do outro, mas... O tema é próximo ao da monografia de pós-graduação e, sim, envolve fanfics também.

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Elementar, meu caro Watson*

Karllini Porphírio

“The Lost Symbol”, ou, em uma tradução livre, “O Símbolo Perdido”, é a nova sensação entre os grandes estúdios de Hollywood, mas não, não se trata de um filme – ainda. Este é o título da continuação do livro “O Código da Vinci”, do autor Dan Brown, divulgado na segunda-feira. Apesar do lançamento previsto apenas para setembro, estúdios já sondam a editora e o escritor para adquirir os direitos sobre a obra.

A literatura está mais presente em outros meios do que imaginamos. No cinema os exemplos são inúmeros, desde a mais recente versão, ainda em finalização, de Sherlock Homes, o famoso detetive criado por Sir Conan Doyle (e autor da frase que usei como título), até os mais variados rostos do vampiro Drácula. Esses dois, aliás, só perdem em número de adaptações para a Bíblia. Diversas novelas e minisséries brasileiras também usam os livros na construção do enredo.

As conseqüências dessa prática despertam o interesse. Já ouvi diversos relatos de pessoas que, depois de assistir a versão audiovisual, buscaram a obra original. Motivados, muitos se tornaram leitores e, principalmente, críticos.

Claro que as adaptações tem seu lado ruim. O fã que nunca ficou decepcionado ao assistir um filme baseado em um de seus livros favoritos que atire a primeira pedra. Às vezes ficamos até com medo de encarar o cinema e ver tudo o que tanto imaginamos em uma versão distorcida. Pior que as mudanças radicais na trama só a descaracterização do personagem.

Opinião por opinião, nunca imaginei Tom Hanks como o protagonista de “O Código da Vinci”. Entretanto, acredito que nem tudo está perdido. Já me deparei algumas vezes com filmes diferentes dos livros, mas que mantém a mesma essência. Para citar apenas um caso: a adaptação da série infanto-juvenil Desventuras em Série. Mesmo quem é contra as adaptações para cinema e televisão precisa reconhecer que inovações e estéticas diferentes chamam a atenção do público para um novo universo, o dos livros.

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*A frase realmente não tem a ver com o artigo, mas eu sempre quis usá-la, mesmo sendo mais fã do Poirot do que do Sherlock Holmes...

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domingo, 19 de abril de 2009

Monografia


Resolvi deixar minha monografia no Google Docs, caso alguém esteja interessado em ver o resultado final.
O link é http://docs.google.com/fileview?id=F.cb802b31-b5a5-48a0-bb49-9e88927132a1
(Para visualizar, se não me engano, precisa ter uma conta no google)

Aceito comentários e crítica!

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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Coluna


Quase 1 ano depois do último post...
Agora, uma vez por semana, preciso fazer uma coluna para o jornal... Não é exatamente sobre fanfics, mas tem o fictionpress (que eu super recomendo também).
Publicação - O Estadão do Norte - Edição do dia 16/04/09.

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Existe cultura na internet!

Karllini Porphírio

A internet é indispensável no cotidiano da maioria dos brasileiros. Parece clichê, mas tenho certeza de que você já ouviu esta afirmação, ou outras parecidas, antes. Vejo muitas notícias e comentários sobre os malefícios que esse não-tão-novo meio de comunicação trouxe para a sociedade, mas, como (recente) jornalista e usuária preciso compartilhar algumas das minhas descobertas.

Diversos sites permitem o desenvolvimento da escrita e leitura no computador, além de permitir uma maior interação entre os usuários. No começo do ano descobri através de um blog, que deixaram de ser diários onlines para transmitir informações sobre diversos assuntos, o Skoob (www.skoob.com.br). Brasileiro, ele funciona como uma estante de livros e, apesar de alguns problemas, como a demora no carregamento das páginas, é muito interessante.

Depois de fazer um cadastro rápido, com dados básicos, o usuário pode utilizar os serviços disponíveis. A principal utilidade é reunir todos os livros que você leu, está lendo ou ainda vai ler, separados nessas mesmas categorias. O usuário também pode fazer resenhas e ler as opiniões disponíveis, dar notas para os livros e, uma das funções mais interessantes, conversar e manter contato com outros leitores – assim como no orkut.

Para os escritores iniciantes minha dica é FictionPress (www.fictionpress.com). O lema, “deixa as palavras fluírem”, em português, já dá uma idéia do conteúdo. Infelizmente, é preciso ter alguma noção de inglês para navegar com tranqüilidade. No site autores de diversas partes do mundo publicam histórias originais, divididas em várias categorias, como romance, ficção e poesia. É possível também ler as de escritores brasileiros.

Os sites mencionados são apenas demonstrações de como a internet pode sim colaborar para o desenvolvimento, principalmente de adolescentes. Portanto, fiquei menos preocupado com o que seu filho(a) faz no computador. Com uma boa orientação, ele pode aprender enquanto se diverte.


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Em tempo: acessei o Skoob e a velocidade melhorou bastante! :)
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